quinta-feira, 1 de maio de 2008

Aquelas mãos


Tocou o corpo dela com todo o cuidado que o momento merecia. Alisou seus cabelos, tão sedosos e cheios de brilho. Olhou para seu rosto. Ela estava com os olhos fechados, mas ele imaginava que ela sentisse tudo que ele estava sentindo. Sem dúvida alguma ela sabia o que ele queria e o que aquelas mãos estavam querendo. Dizer. Elas eram únicas. Tocou seus lábios. Levou a mão até sua boca para fazê-la sentir seu sabor. Depois da boca, sua mão passou pelos seios, tão arredondados como sempre foram. Vistosos. Apertou sua cintura. Ela permanecia com os olhos cerrados. As mãos voltaram aos seios. Pareciam atraí-lo indubitavelmente. De volta à cintura, passou pelas coxas, grossas. Apertou-as com toda força. Ela permanecia impassível. Desceu até seus pés. Alisou-os com toda delicadeza e cuidado. Olhou para o rosto dela. Aproximou-se. Beijou seus lábios. Ela permanecia com os olhos fechados. As mãos já haviam feito o que tinham que fazer. Perfeitamente. Um homem se aproximou e, com calma, avisou: era preciso, infelizmente, fechar o caixão.

3 comentários:

Pedro Rabello disse...

Nossa! Incrível como, em poucas linhas, é possível passar de um prazer delicado para um prazer mórbido.

Muito bem construído.

Luiz Vieira disse...

poucas.
tênues linhas.
triste.

Talita Duvanel disse...

Excelente. Mesmo.