terça-feira, 20 de maio de 2008

Cinema é coisa séria


Amigo leitor, amiga dona-de-casa. O texto a seguir foi escrito por mim em meus plenos 16 anos, em 2005, quando, sabe-se lá o porquê, passava por um momento de crise com o cinema nacional. Ainda hoje deixo minha boa-vontade de lado quando o assunto é cinema nacional, mas com ressalvas e argumentos. Revirando arquivos jurássicos no computador, deparei-me com este. Aí vai, tosquice adolescente da boa:



“Cinema é coisa séria”

INFORME PUBLICITÁRIO-24/05/2020


Grande Francisco “Feinho”, o diretor de “Garfos nas Varizes”. Sempre nos disse que o mercado está aí, é só se vender a ele que tudo dá certo. E nós nos vendemos. “O ataque da soja transgênica” foi o primeiro filme do Mega Estratosférico Renovador Departamento Audiovisual Brasileiro (M.E.R.D.A. BR), um setor destinado a copiar Roliúdi e trazer pra cá a nata dos artistas de lá. Chuck Norris, Rebeca De Mornay e Steven Segal já fizeram fortuna com palestras de interpretação para jovens promissores. Criou-se um gigantesco parque industrial cinematográfico em Seropédica, para melhor acesso, com estúdios de gravação, vinte e cinco salas de cinema e pipoca a um real (projeto do governo do estado). Eu, Robert Denílson, sou o galã do semestre.


Meu contrato inclui vinte e cinco filmes. Sete com mulheres que devo proteger, pois são atormentadas pelos ex-maridos psicopatas e acabam se apaixonando por mim. Cinco com belas e jovens atrizes, em que nós nos odiamos, mas no final terminamos juntos. Três com cenas de perseguição a traficantes mexicanos e suas muchachas libidinosas. Dois com espiões malvados soviéticos que querem explodir o mundo. Dois em que encarno o Super-Brazuca, o super-herói brasileiro.E um com criancinhas das quais devo cuidar, mesmo sendo forte e másculo.

Atualmente, o maior sucesso tem sido o “Obsessão Perigosa 5”, com o Toninho Cruzes e Alda Repbolha. Mas, vem aí o mais original, o mais grande, o mais melhor filme de aventura: “A lêndia do cabelo fedido”, com Maikel Dougras e Mary Estripa.




“Cinema brasileiro é a maior diversão. Ainda mais quando é igualzinho ao dos Esteites”.
Quente Talatindo, chefe do grupo M.E.R.D.A. BR Corporeichion


*Robert Denílson não cobrou cachê em troca de seu depoimento. Só uma vaga em “Tita & Nica"

2 comentários:

Pedro Rabello disse...

Te garanto que em 2020 o cinema brasileiro vai ter gente para se orgulhar.

Me incluo aí. fato!

Anônimo disse...

Tem uma forte influência casseto-planestética ai não...?